quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Um acordar

Hoje quando entrei no percurso rotineiro senti, o que por vezes me acontece, que me evadi. É um estado bonito porque me sinto a observar / absorver tudo o que me rodeia como se não existisse. Eu sem passado nem futuro apenas o momento presente. É lindo conseguir apreciar os pequenos nadas, o vento, os passos, os sons destintos do concerto "acordar de uma cidade", a cara sizuda, a cara serena, o sorriso de uma criança, o chão já gasto dos passos, o comboio que desliza, a buzina do condutor impaciente, uma folha que cai ... parece caótico e no entanto nesses momentos vividos, quase como que em câmara lenta, tudo parece fazer sentido na ordem do meu mundo, porque na realidade esses são os momentos em que entro no meu mundo sem as formatações da vida.
Quando acordei alguma coisa dentro de mim se desenhava ... sorri, inevitável não o fazer. Sim não sou apenas flor, tenho espinhos, não são poucos mas á pouco tempo os consigo olhar nos olhos, tenho pétalas macias e com um odor agaradável para contrabalançar o "picotado", tenho medos e em contrapartida sonhos e amor, tenho nós que desenho e nós que apago, sementes que deram frutos e outras que voaram com o vento...
Mas o sorriso com que acordei, não conhece esses picos e pétalas, não me pergunta por alegrias ou barreiras, não quer saber dos medos e do amor ... o sorriso com que acordei ficou a dançar dentro de mim e sei que no meio do "mundismo" que vai ser este meu dia ele está dentro de mim a dançar, como a chama no meio de um dia frio. Essa dança é fascinante, convida-me a entrar nesse lugar sem horizonte, a conhecer o brilho intenso do que se desenha, a entregar-me ao ritmo sem pensar ... esse sorriso é muito mais que um sorriso ... e eu sei.

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