quarta-feira, 23 de abril de 2008

Nothing Unusual...

"Nothing unusual nothing strange / Close to nothing at all / The same old scenario the same old rain / and there's no explosions here / Then something unusual something strange / comes from nothing at all" Damien Rice - Amie
Apenas a viagem de sempre, nos espaços de sempre, aquela viagem onde terminam os ruídos de fundo de mais um dia, aquela viagem que me devolve aos meus silêncios. Ao entrar nessa fronteira imaginária sou surpreendida pelas cores vermelhas de um pôr de sol típico de primavera / verão, a música continua a tocar mas parece entrar mais dentro de mim, os carros à minha volta parecem já não me interessarem ... sabe bem sentir-me a regressar ao silêncio quente daquele momento.
Abro as janelas, sinto um calor de final de tarde de que já tinha saudades, com o vento os cheiros característicos de um final de tarde de verão, o cheiro a rio, o cheiro a feno, os cheiros ....
Sim nada de mais, mas a calma deste final de tarde ofereceu-me um pouco de verão, um pouco de mim, um pouco do sossego das vozes, do burburinho das gentes... um pouco daquele silêncio quente que nos devolve a nós próprios.
Sigo viagem para um novo rumo, aterro na areia, bem de frente para o mar... mais cheiros que me transportam para dentro de mim, finalmente o pôr de sol, mais um dia findo, mais um dia sem nada relevante, talvez ... sim talvez me venha a lembrar deste momento em que em frente ao mar sorri com os pensamentos que dançavam dentro de mim ... sim, o silêncio dos burburinhos, o passeio por nós, o conforto de usufruir de um final de dia sereno em frente ao mar... a areia entre os dedos, o cheiro do mar e continuo a deixar que imagens e sentimentos venham e vão ao ritmo do mar. Neste final de tarde, nada de estranho, apenas o conforto do silêncio dentro de mim.

sábado, 19 de abril de 2008

Parábolas

Normalmente sinto que desenhar e escrever para mim são processos de interiorização, são os dois meios mais simples que tenho de me entender. O que fica no "papel" são reflexos exteriores de mim e do meu processo de auto-conhecimento, processos que me vão ajudando a entender as bases imutáveis do ser vivo em mutação que existe dentro de mim.
Mas, ultimamente, tenho sido surpreendida com o facto de me entender através de processos exteriores a mim, por vezes os meus reflexos surgem nas palavras de terceiros, de pessoas que, do nada, me oferecem um entendimento simples de mim que me fascina. Dentro de mim dançam alguns desses momentos, esses momentos que fizeram os desenhos que andam secretamente às voltas dentro de mi em traços toscos, porque sei que, no fundo, tenho medo de um dia os ver como são na realidade, fiquem totalmente definidos sem medos e sem angústias ... alguém ter a capacidade de me conhecer a esse ponto e, através de simples palavras, conseguir abalar os meus medos e inseguranças é... fascinantemente assustador.
A esses momentos chamei de Parábolas ... as 5 parábolas. Sim, a todas elas dei nomes, a primeira de todas foi a da "Passa", após esta surgiu a parábola do "Fascínio", a do "Proibido", a das "Energias mal orientadas" e a última, aquela que não foi dita mas oferecida em muitos momentos, a do "Chapéu Plim-Plim".
Sim, todas elas me deixaram momentaneamente pregada ao chão, momentaneamente senti-me invadida por aquele sentimento de me sentir totalmente vulnerável perante alguém, completamente desprovida de barreiras ... durante pequeníssimos lapsos de tempo palpável, e enormes momentos de tempo interior, senti-me um ser translúcido. Heis a contradição dentro de mim, que sempre me considerei um ser demasiado complexo para me auto entender... alguém me conseguir fazer sentir que, para ele naquele momento, eu sou apenas um ser simples e compreensível...
Estas Parábolas mudaram a forma como olho para as coisas imprevisíveis que me vão acontecendo, mas a cima de tudo, estas Parábolas ofereceram-me uma forma muito mais simples de olhar para mim, uma maneira muito mais simples de me entender, respeitar e me amar.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Porto de Abrigo

Nem sempre te consegues sentir acompanhada na tuas navegações, podes ter dezenas, ou até centenas de portos de abrigo que sabes que te receberam, mas nestes sentes sempre que são apenas bons portos de abrigo para uma noite de viagem, são portos que conheces, portos que já te são confortáveis ... mas apenas pontos de referência ao longo da viagem.Depois existe aquele onde chegas, nem o conhecias, mas a noite estava tempestuosa, o vento violento e viste ao fundo um farol, paras-te a medo, mas tens noção que é melhor do que estares no mar numa noite daquelas. Ficas-te à espera que o tempo melhorasse ... e quando o sol volta a raiar, sentes que ali o sol tem um brilho diferente, o ambiente do porto te aconchega e ... foste ficando.
Quando deste por isso, ficas-te presa a esse porto de abrigo, à brisa amena, ao brilho do sol, ao riso das pessoas... sem esperar nesse porto não te sentes em viagem, não sentes o bichinho de partir não sabes para onde, não sabes à procura do quê.
Quando dás por ti sentes-te a sorrir, sabes então que não vais ficar em terra, tens em ti o apelo do mar, mas naquele momento sabes que por muitos portos e pontos de viagem que tenhas aquele será um porto que vai estar dentro de ti ... naquele porto sentes o calor de casa, naquele porto sentes que te encontras-te ... naquele porto não te sentes só, sentes-te acompanhada na viagem, sentes dentro de ti o calor confortável da companhia ao longo da viagem, de te reconheceres nele, de gostares de quem és quando lá estás.
Naquele porto sentes que "Todas as ondas do oceano são precisas para levar ao porto o navio da verdade"

terça-feira, 1 de abril de 2008

Uma Imagem ...

Uma imagem retida dentro de mim pode ter contida dentro dela tantas palavras que não se escrevem. Gostava de ter essa arte que me permitisse passar para o papel essa imagem, gostava de conseguir oferecer-te essa imagem, onde nela conseguísses ler todas essas palavras que não digo porque tenho a certeza que no final teriam uma forma incompleta, seriam tão pequenas perante a imagem que tenho dentro de mim.
Sim, um olhar, um sorriso, um momento … apenas um momento que guardei na minha memória e por onde, por vezes, me refugio para encontrar esse sorriso tão simples e tão raro que uma simples imagem me pode oferecer… mas posso dizer-te algo tão simples como … talvez até nem te tenhas apercebido mas nesse momento fizeste-me sorrir … apenas sorri.