quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

6 de Outubro 2007

Marguerite Yourcenar escreveu um dia algo parecido com "Tu não serás para mais ninguém o que foste para mim" ... verdade, mas não consolador. Essa verdade não é nada perante a dor de ter que encarar que alguém deixou de existir nas nossas vidas, não porque quisemos, mas porque assim aconteceu ... doí, faz-nos sentir que a alma sangra, por dentro de nós algo é arrancado à força, um bocado de nós desaparece ... essa é a maior mentira, a verdade é que um bocado do nosso futuro é-nos arrancado, roubado, mas o passado com essa pessoa que amamos continua connosco.
É esse amar alguém que já não existe que nos faz sentir um pouco como morrer com essa pessoa. A morte faz doer pelo afastamento de alguém que amamos para uma realidade onde não podemos chegar, que não podemos compartilhar ... é o medo pelo outro ... é o medo de não conseguirmos desenhar a nossa vida futura sem o amor e a presença dessa pessoa como parte integrante dela. O medo que nos faz sentir as veias cheias de sangue frio e quente ao mesmo tempo, o medo como dor lacerante, o medo que nos congela a acção em relação ao futuro ... o medo e o amor a dançarem dentro de nós sem que os consigamos distinguir.
Depois vem a habituação, porque a vida não para, começamos a desenhar uma nova vida com a ausência desse amor partilhado, fica então a enorme saudade que permanece de mão dada com a recordação desse amor vivido, a saudade por essa pessoa que já não seremos porque também nós não seremos para mais ninguém o que éramos para ela ...

Neste dia 2 de um novo ano, este ano como em todos os anteriores anos da minha existência... Onde quer que estejas...um beijo enorme de parabéns para quem muito amo.

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