sábado, 3 de maio de 2008

Misirlou

Dentro de mim a mistura de um passado regressado do pó da saudade inexistente ... dentro de mim as portas que se fecham e tornam a realidade presente no passado recente ... dentro de mim, quase como ritmo de batida de coração, a música incessante da banda sonora do "Pulp Fiction" - "Misirlou".
Sim ... quando do passado te chegam as respostas aos porquês que se mantiveram dentro de ti, já sem os dramatismos de quem está a viver o sentimento, mas com a simplicidade de quem já não se vai afectar com as respostas. Quando no presente sentes as portas do marasmo a fecharem-se e dentro de ti aquele ritmo incessante do Misirlou a encher-te da sensação que o tempo não para... essa sensação de movimento que não te permite prender aos pequenos nadas dos quais, recentemente, ganhas-te consciência que não te influenciaram ... é fascinante e assustador como sentes a vertigem de não parares muito tempo ... não interessa a fazer o quê mas o movimento não te permite pensar... foram anos de marasmo, foram anos de teias e pó e... corres com a frieza de quem quer vencer, de quem não se quer prender aos sentimentos que se formam, de quem sabe que se passar por estes resíduos da zona nublosa com a atenção fixa na raivinha que se está a formar no estômago, vais conseguir vencer o vício da cedência, da extenuante vontade de achar que a cedência te permite entender o inatendível ... neste vão entre portas, todos os dias a paisagem se transforma, neste vão entre portas a incessante batida do Misirlou a desprender-me das amarras do passado e a não deixar-me criar amarras por onde passo.

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