terça-feira, 17 de junho de 2008

Passos

Os caminhos devem ser percorridos com a serenidade de quem tem a certeza que se passeia sem destino preestabelecido, com a serenidade de quem sabe que pode ser surpreendido em uma qualquer esquina do caminho.
Por vezes surpreendemos-nos com novos passos que nos acompanham. Alguns têm ritmos difíceis de acompanhar, devido à sua rapidez, outros tornam-se monótonos de mais pela sua lentidão, no entanto, existem passos que têm o nosso ritmo, com os quais sentimos prazer em caminhar.
Esses são aqueles passos que nos estimulam quando o nosso ritmo se torna lento, que nos serenam quando temos tendência para começar a correr e que nos acompanham quando o caminho se torna mais agressivo. Sorrio quando penso nessas passadas ritmadas ao meu lado, que quebram os caminhos percorridos vezes sem conta e me fazem percorrer caminhos onde me conheço, onde a paisagem não está viciada, onde me aventuro para algo novo e bonito, onde os passos encontram uma estrada e não atalhos meio toscos.
Mas mesmo com esses passos, por vezes, também se tropeça e se perde um pouco o ritmo. Por vezes aventuramo-nos a percorrer novos caminhos, e isso faz com que os passos, que nos acompanham, alterem o seu ritmo face ao caminho. Paro, espero conseguir entender o ritmo da passada que me acompanha, tento entender onde a estrada me leva, tento entender… tentar entender onde estamos, onde vamos e como vamos pode, por vezes, fazer-nos perder a noção de que os caminhos devem ser percorridos com a serenidade de quem se passeia sem destino preestabelecido, com a serenidade de quem apenas gosta de sentir o prazer de caminhar acompanhada por esses passos que já conhecem os meus passos.

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