sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

1 Year Home Alone

Frequentemente confundimos amor com carência. Deixamos a sensação de vazio e solidão ocupar-nos o coração de tal forma e com tanta intensidade que perdemos a referência aos nossos sentimentos mais profundos. No entanto, quando penso num antídoto para esse auto-engano não vejo uma palavra melhor que "dignidade"! Palavra essa que tem a haver com honra, amor-próprio, respeito ... autoridade para amar!
É isso : que tenhamos autoridade para amar! Porque usarmos as dificuldade de qualquer relação ou situação para rapidamente ocuparmos o papel de vítimas é o comum. Mas falta a coragem para admitir as nossas limitações, para conseguir reconhecer o outro como mestre ... um espelho de nós mesmos. Mas quantas vezes somos capaz de perceber que, se esse espelho mostra as nossas feridas e dores, as nossas falhas, os nossos medos ... se ele projecta as nossas inseguranças e máscaras também é ele que nos mostra as nossas qualidades, a nossa sabedoria, a nossa felecidade, os nossos dons ... o nosso brilho pessoal.
Aprendi que é no exercício de amar e compartilhar o que existe de mais íntimo em nós, que podemos perceber quem realmente somos ... para isso é preciso existir vontade e coragem de olharmos para nós, para nos autoconhecer e nos reconhecermos exactamente como somos. A partir desse momento podemos começar um processo de transformação, de autotransmutação.
É essa a grande magia do amor. Essa é a alquimia do nosso ser. Muito mais importante que ficarmos o tempo todo a questionarmo-nos sobre os conceitos e regras da vida, é a oportunidade que temos de compreender a força e o poder contidos no momento presente ... no agora!
Por isso, quando me sinto evadida pelas comuns perguntas "será que vai dar certo?", "será que me devo expor?", "será que devo arriscar?" ... a alegria envade-me quando descubro o grito mudo dentro de mim que me faz acordar ... chega de tantas suposições, de tentar encontrar motivos, respostas, garantias ...
Quero simplesmente deixar-me absorver pelo que a vida me oferece neste momento, quero agarrar-me à magnífica hipótese de me continuar a encontrar, de finalmente poder olhar de frente a minha própria alma através do que os outros se transformam na minha vida, através daquilo que ofereço de mim ...
É a intensidade do que realmente vivo que faz a minha vida realmente valer apena! É a decisão de acreditar que o que procuro está dentro de mim (e não no outro) que faz com que os relacionamentos se transformem num caminho para a minha evolução e não num jogo ... O jogo implica perca de tempo, um desperdício de energia, de sentimento e possibilidades. Gosto de olhar para a pessoa que se senta à minha frente e descobrir o amor que tenho para oferecer, a alegria que lhe posso proporcionar ... a minha verdadeira essência que brilha dentro de mim.
Tudo, absolutamente tudo acontece de dentro para fora ... Tudo faz parte de mim, seja a dor, a alegria, a falta de autoconfiança, as certezas, o medo, o amor ... não quero saber, sinto a magnífica vontade de continuar o meu percurso ... ter autoridade sobre mim todos os dias da minha vida ... eu sei que só assim nos momentos difíceis vou ter a capacidade de me aperceber que o caminho é apenas um ... recomeçar novamente, sempre de uma maneira diferente, mais inteira .... mas acima de tudo .... mais eu. Porque afinal, tudo, absolutamente tudo acontece de dentro para fora.

Um comentário:

Will disse...

A primeira impressão é muito agradável. Deixa dizer-te que estou a pensar regressar.
Gosto de te ler, de mansinho, com atenção e delicadamente.
Parabéns pelo teu espaço: é acolhedor e prazeiroso.
Parabéns pelo teu tempo.
Beijos